O  GRITO
 
EDVARD  MUNCH
 
 
 
Edvard Munch - O Grito
 Óleo, têmpera e pastel em cartão, 91 x 73,5 cm
 
O Grito (no original Skrik) é uma série de quatro pinturas do artista norueguês Edvard Munch, a mais célebre das quais datada de 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O plano de fundo é a doca de Oslofjord, em Oslo, ao pôr-do-sol. O quadro O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista.  
 
 
Interpretação do quadro

Vemos ao fundo um céu de cores quentes, em oposição ao rio em azul, cor fria, que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo (onde o que interessa para o artista é a expressão de suas ideias e não um retrato da realidade). Vemos que a figura humana também está em cores frias, como a cor da angústia e da dor, sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário. Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura, como se entortando com o berro, algo que reproduza as ondas sonoras. Quase tudo está torto, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. Tudo que se abalou com o grito e com a cena presenciada está torto; quem não se abalou (supostamente seus amigos) e a ponte, que é de concreto e não é "natural" como os outros elementos, continua reto.

A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, a paisagem fica dolorosa também, e talvez por essa característica do quadro é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Inserindo-se o observador no quadro, ele passa a ver o mundo torto, disforme, e isso afeta diretamente a participação do mesmo na obra, de forma quase interativa.

 

 
Os Roubos

A 12 de fevereiro de 1994, O Grito da Galeria Nacional de Oslo foi roubado em pleno dia, por um grupo de ladrões.  Três meses depois, os assaltantes enviaram um pedido de resgate ao governo norueguês, exigindo um milhão de dólares americanos. As entidades norueguesas recusaram a exigência e, pouco depois, a 7 de maio, o quadro foi recuperado numa ação conjunta da polícia local com a Scotland Yard.

A 22 de agosto de 2004, a versão exposta no Munch Museum foi roubada num assalto à mão armada, que levou também a Madonna do mesmo autor. O Museu ficou à espera de um pedido de resgate, que nunca chegou. A polícia norueguesa anunciou ter reencontrado os quadros a 31 de agosto de 2006.

Em dezembro de 2006, os danos causados aos quadros pelos ladrões foram qualificados como "irreparáveis" por especialistas em pinturas do Museu Munch. As pequenas manchas produzidas pela umidade são vistas pelos peritos como um problema sem solução, enquanto uma série de fendas e buracos causados por queimaduras de cigarro, exige trabalhos de restauro extremamente complicados e difíceis.

 
 
O quadro O Grito, de Edvard Munch, sendo apresentado para ser leiloado na
Sotheby's, Nova York, em 2 de maio de 2012
 
 
 
Leilão

Munch pintou ao longo de décadas quatro versões de O Grito. Três delas estão em museus na Noruega, enquanto a quarta, de 1895,  estava nas mãos de Petter Olsen, um empresário norueguês cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido inúmeros quadros ao artista.

Nesta versão de 1895 as cores são mais fortes do que nas outras três versões e é a única em que a moldura foi pintada pelo artista com o poema que descreve uma caminhada ao pôr-do-sol que inspirou a pintura. Outra particularidade única desta versão é que uma das figuras que está em segundo plano olha para baixo, para a cidade.

Em 2 de Maio de 2012 essa versão foi vendida pelo preço recorde de 119,9 milhões de dólares (cerca de 91 milhões de euros), na Sotheby's, New York, tornando-se a obra mais cara vendida em leilão, superando o quadro de Pablo Picasso, até então recordista, Nu, Folhas e Busto, que em maio de 2010 foi leiloado por 106,5 milhões de dólares (81 milhões de euros).

 

 

Poema

 

“O Grito”

‘Estava andando pela estrada com dois amigos

O sol se pondo com um céu vermelho sangue

Senti uma brisa de melancolia e parei

Paralisado, morto de cansaço…

… meus amigos continuaram andando - eu continuei parado

tremendo de ansiedade, senti o tremendo Grito da natureza’

 Edvard Munch

 

 

 
 
 
 
 
 
Edvard Munch - Self-portrait
 
 
Edvard Munch (1863-1944)

 Pintor e gravador norueguês. Sua infância foi marcada pela tragédia com a morte precoce da mãe e da irmã mais velha pela tuberculose. A irmã menor sofria de doença mental e seu pai, médico militar, era um religioso fanático e tinha uma difícil relação com o filho artista. Em virtude dos parcos soldos recebidos por seu pai Christian, a família vivia em extrema dificuldade financeira.

Frequentou a "Escola de Artes e Ofícios" de Oslo. Sofreu influência de Courbet e Manet. Seus temas prediletos e recorrentes foram a doença e a morte. Ganhou uma bolsa de estudos e foi estudar em Paris, onde conheceu as obras de Van Gogh, Gauguin e Toulouse-Lautrec que influenciaram seu estilo e pensamento.

Morou em Berlim, Florença e Roma. Na Itália seu interesse maior foi Rafael. Depois de dezoito anos, voltou para a Noruega. Já adulto, tinha comportamento estranho, tendo sido classificado como distúrbio bipolar.

Aos trinta anos, pintou seu trabalho mais conhecido O Grito, obra representativa do Expressionismo alemão. Depois de vários roubos, o Museu passou a proteger a tela com um vidro. Após sua morte, foi criado o Museu Munch com obras deixadas por ele em seu testamento.  

 
 
 
 
 
 
 
Fundo Musical:
March of the Dwarfs, opus 54, nº 3
Edvard Grieg, *1843   +1907
 
 
 
 
Pesquisa, edição de texto, formatação:
Ida Aranha
 
 
 
 
 
Maio, 2012