Suavidade e leveza. Claridade e clareza. Tranqüilidade e quietude. Simplicidade e síntese.

 

Podem parecer redundâncias mas todas essas sensações nos passam diante da pintura atual de Ronaldo Miranda. Fixou-se na horizontal, na linha do horizonte – sinal do equilíbrio perfeito das águas em repouso. Sua pintura no entanto não se reduz a um fato estático. A grande sensação de quietude e de harmonia resulta de um complexo equilíbrio de forças, de peso e contrapeso, de intercâmbio e constante avaliação das relações entre a cena (motivo) e a forma, incluindo a cor.

Procura cuidadosamente o perfeito ajustamento entre os termos de sua linguagem e as emoções sentidas diante do real.

 

A paisagem e a natureza morta, os objetos é que sugerem a sua síntese geométrica e cromática, impregnadas de emoção e encantamento. Portanto, o ritmo geométrico presente em sua pintura não é um dado estabelecido a priori: é uma resultante. Seu espaço é amplo, tende ao infinito, continua depois da tela, mesmo quando compartimentado por força da composição e dos elementos representados, propondo seqüências e seriações.

 

Com um grande poder de síntese, atento a todas as sutilezas do conhecimento que possui da forma, Ronaldo Miranda propõe uma pintura limpa e pura, captando de maneira sutil a vibração que a natureza lhe transmite em sua constante e indefinível mutação.

 

(Abelardo Zaluar, 31 de julho de 1983).